segunda-feira, 23 de julho de 2012

Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Sobrevivente de um incêndio



A Igreja NSª do Carmo foi o primeiro templo católico erguido em Mariana, a princípio foi uma construção mais simples com uma torre central, o templo atual teve início em 1784. As torres cilíndricas são atribuídas a Manoel Francisco Lisboa e Antônio Francisco Lisboa, o aleijadinho.



Detalhe das belíssimas janelas



As torres cilíndricas são levemente recuadas da fachada o que nos dá a impressão de que Aleijadinho tentou  implantar na arquitetura da igreja inovações que ele havia experimentado com êxito na Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto. 


Talha em branco e dourado


Foto tirada do cartaz da entrada da igreja

Em 1999 um incêndio assustou os moradores de Mariana, imagino a aflição de todos que viam, imponentes, a igreja em chamas. O incêndio foi controlado deixando danos irreversíveis, mas, curiosamente o altar-mor , em estilo rococó, não sofreu avarias.


Segundo o Corpo de Bombeiro o fogo espalhou-se rapidamente em virtude da grande quantidade de produtos químicos usados na recuperação de pinturas e peças sacras.


Danos provocados pelo calor do incêndio

Teto da nave pintado por Ataíde

A pintura do mestre Ataíde foi a maior perda em meio ao incêndio, uma dano irreparável para a igreja, para os habitantes da cidade e para a história. A igreja foi reformada, no entanto, a nave está órfã, sem a beleza que outrora encantava os visitantes. 

Detalhe da pintura de Nossa Senhora do Carmo

Teto da nave após o incêndio


Detalhe do cartaz que informa sobre o incêndio



sábado, 21 de julho de 2012

Mariana - Primeira capital de Minas


Em pleno Festival de Inverno Mariana, assim como Ouro Preto, estava super movimentada. Cheguei à cidade antes do sol, mas já havia um frenesi na primeira capital de Minas Gerais.


Andar em Mariana é muito fácil, com o centro histórico praticamente plano, as pernas agradecem, principalmente depois do sobe e desce pelas ladeiras de Ouro Preto.



As ruas com o calçamento "pé-de-moleque" continua sendo um desafio, mas a sua beleza é inegável.


Igreja de NSª dos Anjos

Na bucólica Rua Dom Silvério que leva à Igreja de São pedro dos Clérigos fica a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos da Arquiconfraria de São Francisco dos Cordões sua arquitetura se difere das demais, é a única cujo frontispício possui três planos.


Igreja de São Pedro dos Clérigos

A igreja é belíssima, visitá-la é mais que uma opção é uma obrigação. Seu interior é simples, se comparada a outras igrejas barroca, mas nem por isso menos bela. O altar-mor todo talhado em jacarandá não possui policromia ou douramento, e isso lhe dá uma atmosfera diferenciada. Outro detalhe fascinante é a acústica da igreja.

Altar-mor em jacarandá



Ao visitar a igreja é permitido subir na torre sineira, a subida é fácil e rápida, de lá se tem uma vista espetacular da cidade.


Vista panorâmica do campanário de São pedro dos Clérigos



A Praça Minas Gerais é famosa pelas duas igrejas barrocas, no entanto, ela era a síntese de uma época, nela conviviam harmoniosamente a igreja, a câmara, a cadeia e o pelourinho, ou seja, a fé e o castigo, lado a lado.

Pelourinho

O Pelourinho era o local onde os "infratores" eram açoitados, ironicamente ele fica em frente às Igrejas de Nossa Senhora do Carmo e São Francisco. O pelourinho original foi construído em 1750, o atual é da década de 70, ele possui dois braços com o brasão português no meio, o esquerdo sustenta uma balança simbolizando a justiça, o direito segura uma espada simbolizando a condenação. No alto um globo simbolizando as conquistas marítimas portuguesas. Acima do globo tinha um ninho de passarinho  mostrando que nada é para sempre e o voo é uma consequência da liberdade.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mina Jeje - Ouro Preto



A história de Ouro Preto é a história das minas, sua riqueza foi construída sobre o suor e o sangue da escravidão. Os nomes dos homens que construíram a cidade não constam em sua história, foram heróis anônimos que enfrentaram a escuridão, o ar rarefeito, a fome, os castigos, os açoites para conquistar um fortuna que eles não tinham o direito de usufruir.



A Mina Jeje fica próxima do centro, mas como estamos em Minas Gerais, as escadas e as ladeiras fazem parte do pacote. Depois de uma escadaria, no meio de uma ladeira se vê uma casa simples e a placa indicando a mina.



A mina é bem iluminada e não tem muita infiltração ou umidade, ou seja, saímos limpos da visita. Nosso guia foi fantástico, muito simpático ele acrescentou ao passeio muitas informações e sempre com muito humor. 

Guia: William Henrique


Achei super interessante a história dos passarinhos, segundo ele, os escravos levavam passarinhos para dentro das minas  e quando eles morriam era sinal que a qualidade do ar estava a um nível critico e era hora de sair da mina. Como sou um pouco claustrofóbica, meu passarinho morreu logo e não adentrei muito na mina.


Na mina, algumas passagens são tão estreitas que só crianças conseguiam trabalhar e isso com apenas 5 ou 6 anos. O padrão de vida era tão sub-humano que a expectativa de vida era de aproximadamente 40 anos.
Diferente dos escravos, o passeio é feito com toda segurança, ao andar pela mina agradecemos com a rapidez a obrigatoriedade de usar o capacete.



Como o ouro era encontrado

Do lado da entrada da mina há uma loja que vende jóias, pedras preciosas e semi-preciosas, há também uma loja de artesanato local.





Como a mina fica em uma região alta de lá fomos para a Igreja de Santa Efigênia ou Nossa Senhora do Rosário do Alto da Cruz, mais ladeiras e escadas... Segundo a história local, a igreja foi edificada com o ouro da Mina de Chico Rei, ela possui algumas curiosidades, uma delas é a pintura do teto que tem um papa negro, desejo ainda não realizado em pleno século XXI.


Do adro da igreja tem-se uma belíssima vista da cidade.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Igreja São Francisco de Assis - Ouro Preto

Maestria de Aleijadinho

Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto

A Igreja de São Francisco de Assis se destaca em meio a uma constelação de igrejas barrocas, são tantas igrejas em Ouro Preto que o olhar do espectador se dispersa com facilidade, no entanto, a beleza dessa igreja tem sobressaído ao longo do tempo. Ela foi considerada me 2009 como uma das 7 maravilhas de origem portuguesa no mundo.



Construída num patamar intermediário na parte oriental do Morro de Santa Quitéria, a igreja não se faz notar pelo sítio, uma vez que, divide palco com as torres de Mercês de baixo, aos seus pés se vê a Matriz de Antônio Dias e ao seu lado esquerdo se encontra, hoje, o Museu da Inconfidência. Com esse cenário a Igreja de São Francisco teria todos os motivo para ser apenas mais uma em meio a tantas outras, no entanto, ela é considerada o símbolo do barroco no Brasil.



Em São Francisco de Assis todas as indecisões, as dúvidas, as limitações foram vencidas. A igreja que consagrou o mestre Aleijadinho foge dos padrões construtivos e utilitários da época, onde a simetria rígida dá lugar a uma simetria ideal, mais leve e coesa.




O frontispício parece um arrendamento de pedra, coisa de gênio! Aleijadinho organiza o desenho da portada vazado, deixando explícito ao expectador o branco da parede, suavizando a composição e destacando-o da moldura de granito da porta e das janelas.



A originalidade da arquitetura da igreja é a posição das torres, elas foram recuadas da fachada central, dando origem a uma frontaria tridimensional, resolvendo ao mesmo tempo o problema de articular as torres á nave e valorizar a portada.


O requinte do interior da igreja não está na quantidade de ouro, mas na maestria de dois grandes gênios, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde, onde a talha, as esculturas e a pintura harmonizam entre si.

Fonte: Wikipedia

Dentro da igreja as fotos não são permitidas, mas não faltam imagens do esplendor do teto, ele é tão incrivelmente fantástico que a virgem parece estar de frente para o espectador independente de sua posição, seja na frente ou na parte de trás da igreja. Na pintura do teto Ataíde inseriu quatro colunas e dois pórticos desenhados em perspectiva, vistos de baixo convergem para o centro dando a ilusão de que a igreja esteja ligada ao céu.




O cemitério anexo a lateral direita da igreja foi construído bem mais tarde ao término das obras por Manuel Fernandes da Costa e mais tarde por Ribeiro de Carvalho, no interior da igreja é possível ver as marcações dos antigos túmulos onde eram enterrados os irmãos que faziam parte da ordem. Dizem que o mau cheiro dentro das igrejas, causado pela decomposição dos corpos enterrados sob o piso, era insuportável, logo, o cemitério do lado de fora não era apenas uma questão de espaço mas de qualidade do culto.



Em frente a Igreja há sempre um artista desenhando ou pintado a arquitetura local.


Feirinha de artesanato em pedra sabão, um charme! 














Ouro Preto - "Um museu a céu aberto"

Se o "Egito é uma dádiva do Nilo", como afirmou o historiador Heródoto, podemos dizer que Ouro Preto é uma dádiva do ouro. O metal precioso foi o alicerce no qual a cidade se erigiu.



O desenvolvimento espontâneo dos arraiais culminou na formação de caminhos, ruas e becos que acompanhavam a topografia local no sentidos das minas de ouro. No fluxo do ouro surgiram os antigos arraiais como Cabeças, Antônio Dias, Padre Farias, dentre outros.


Subir e descer as ladeiras é um exercício para a mente e o corpo, requer disposição e calçados apropriados





Na segunda metade do século XVIII esses arraiais se interligaram fisicamente na praça no alto do espigão, hoje conhecida como Praça Tiradentes.



Nada em Ouro Preto surpreende tanto quanto seu conjunto religioso. 

 Matriz NSª do Pilar

Igreja NSª do Rosário



Matriz NSª da Conceição

 
Igreja NSª do Carmo



São Francisco de Assis

A força da religião veio de Portugal e em Ouro Preto prosperou tanto na construção das igrejas quanto no campo das manifestações artísticas que inicialmente eram importadas e aos poucos foram se nacionalizando numa evolução técnica que culminou  no barroco-rococó de Aleijadinho. Não limitando-se a uma imitação do barroco europeu, mas, sendo ao mesmo tempo a sua recriação original, autêntica e nacional.



Andar pelas ruas de Ouro Preto é como andar em um museu a céu aberto, nos sentimos transportados a uma outra época. É um passear pela história.

Uma das casas em que aleijadinho morou

Casa da mãe de Joaquina, filha de Tiradentes


Casa do Comendador Cândido Soares que hospedou o poeta Olavo Bilac e o pintor francês Émile Rouède